Jornalismo Literário

O retorno à imprensa no século XXI

De acordo com o site Observatório da Imprensa (2007), levantamentos, feitos nos Estados Unidos, Canadá e mesmo no Brasil, revelam que muitos jornais e revistas estão conseguindo se recuperar da crise de circulação com reportagens que se dedicam a temas sociais relevantes, com apuração sólida e texto criativo. O ressurgimento do jornalismo literário no Brasil, reforçado no fim dos anos 1990, é parte de um amplo cenário favorável. Sinais dele são evidentes: lançamentos de antologias e livros-reportagem do gênero, o crescimento do cinema documental, as reformas editoriais realizadas em jornais diários e revistas, o surgimento de publicações novas que procuram resgatar a tradição do bom texto de reportagem, prêmios jornalísticos importantes que estão preferindo privilegiar matérias humanizadas.

É esta a essência do jornalismo literário, definido pela ABJL - Academia Brasileira de Jornalismo Literário (2006) como: "[...] reportagem ou ensaio em profundidade nos quais se utilizam recursos de observação e redação originários da (ou inspirados pela) literatura". São traços marcantes desse tipo de produção: humanização, imersão, exatidão, autoria, estilo e criatividade.

Ao levar em consideração diversos conceitos, de acordo com Felipe Pena (2006), é importante atentar para o fato de que esta forma de Jornalismo, o literário, não é apenas um meio de exercitar a veia literária em textos jornalísticos. Ao romper as correntes do lead, mas também ao potencializar os recursos do Jornalismo, ultrapassar os limites dos acontecimentos cotidianos e proporcionar visões amplas da realidade, o gênero busca dar durabilidade e profundidade aos relatos.

Além disso, o jornalismo literário oferece recursos inspirados na Literatura que permitem a construção de narrativas mais atraentes. O resultado podem ser textos envolventes, criativos, humanizados e sintonizados com tendências contemporâneas, como a responsabilidade social, uma das funções do Jornalismo pouco valorizada nas últimas décadas, diferente do jornalismo informativo e da atual produção “em escala industrial” da notícia sem profundidade.